terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aires Mateus projectam um novo edificio para a EDP

A EDP não pára
Os arquitectos e irmãos Manuel e Francisco Aires Mateus conceberam um edifício que procura projectar a imagem da EDP  para o futuro, muito para além de edifício de escritórios e serviço fornecedor de energia
Volvidos dois anos sobre o anúncio da dupla Francisco e Manuel Aires Mateus como a vencedora do concurso por convite para a elaboração da nova sede da empresa, a EDP vai finalmente iniciar as obras.
Situada no aterro da Boavista, terreno artificialmente ganho ao rio, próximo da Avenida 24 de Julho, em Lisboa, onde a sede da EDP funcionou até ao 25 de Abril de 1974, o novo espaço vai "acabar com a dispersão actual dos 1800 funcionários, que estão espalhados por 16 instalações na cidade, por forma a concentrar os serviços e reduzir os custos", refere a presidência da fundação, actualmente a funcionar no Marquês de Pombal.
E os arquitectos - e irmãos - Manuel e Francisco Aires Mateus responderam aos desejos da empresa, ao conceberem um edifício que procura projectar a imagem da EDP para o futuro, muito para além de edifício de escritórios e serviço fornecedor de energia.
"Projectar a EDP enquanto empresa transparente e dadora de serviços e espaços públicos de qualidade ao público em geral", é este o grande objectivo do projecto, conforme referiu o arquitecto Manuel Aires Mateus ao DN. Para tal, o projecto vai recorrer profusamente a superfícies envidraçadas e elementos leves, e vai criar praças, espaços de lazer e cultura - como auditórios , biblioteca, espaços expositivos -, enfatizando a dimensão da Fundação da EDP, outras das ideias-chave do edifício, segundo o mesmo arquitecto.
De facto, o centro do edifício é uma grande praça pública virada para o rio, com áreas de comércio e lazer ao nível térreo, a partir do qual se articulam edifícios de escritórios. Trata-se de "corpos perpendiculares ao rio. Aprisionando-se uma praça, espaço público, e uma 'massa' de ar que significa o edifício", descreve poeticamente a equipa.
Este todo organiza-se num sistema duplo: por um lado funcional, extremamente flexível para acomodar uma grande área de escritórios. Por outro estético, por propor jogos de luz-sombra, cheios e vazios, que tanto abarcam a relação entre o espaço público como o edificado. Aqui, a pele dos corpos dos edifícios é desenhada a partir de elementos verticais - como estrutura, infra- -estrutura, protecção solar - que tanto avançam como recuam no plano dos alçados, contrastando com as transparências dos envidraçados. "Desenho mutável varia com a luz, penumbra ou sombra e com um ponto de vista que a encontra mais proeminente ou mais plana, de mais opaca e misteriosa, a mais transparente e reveladora da vida pulsante no seu interior", escreve a equipa.
Para além da evidente contrapartida estética, este jogo de perfis, vãos, vidros e sombreadores vai permitir ao edifício um elevado desempenho energético, que, associado à climatização inovadora e eficiente, vai reduzir o consumo de energia , comparativamente com um edifício standard semelhante.
Energeticamente, a EDP não vai devorar-se a si própria. Esteticamente, vai criar um feixe luminoso, com a ajuda do rio, sereno e eterno, resultando numa "sinfonia de luz e sombra", sintetizou Manuel Mateus ao DN.

por CLÁUDIA MELO, in "Diário de noticias"

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