terça-feira, 7 de dezembro de 2010

'Nave Espacial' Japonesa aterra na Rússia

A Rússia vai acolher o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018 e qual estaleiro, o país mobiliza-se para as obras dos 16 estádios que integraram a candidatura, alguns dos quais irão acolher também os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014.
Os 16 estádios estão distribuídos por 13 cidades, que integram cinco grupos geográficos, onde irão decorrer as provas desportivas: o dos Montes Urais, do Volga, norte, sul e central, este último baseado em Moscovo. A maioria dos estádios serão novos, e apenas três resultam da remodelação de equipamentos existentes.
Embora seja o mítico Estádio Luzhniki - um dos cinco maiores estádios do mundo, com lotação para mais de 80 000 espectadores, classificação cinco estrelas atribuída pela FIFA e em fase de renovação - o palco dos jogos de abertura e da final, as maiores expactativas arquitectónicas centram-se no projecto do Estádio para o Clube de Futebol Zenit, em Sampetersburgo, também conhecido como Gazprom Arena.
Trata-se de um projecto do arquitecto japonês Kisho Kurokawa, uma das figuras mais importantes da arqui- tectura da segunda metade do século XX, que venceu o concurso internacional em 2006, tendo falecido em 2007 sem ver concretizada a sua obra. Refere-se que este concurso teve cinco finalistas mundiais, entre os quais Tomás Taveira, com um estádio colorido baseado numa interpretação da Catedral de São Basílio, em Sampetersburgo, ao qual deu o nome de "Coroa".
E Kisho, conhecido principalmente pelo movimento metabolista que fundou - que sintetizava várias correntes arquitectónicas internacionais - pelos projectos inovadores principalmente no Japão e pelas inúmeras distinções que recebeu (ver caixa), projectou um estádio futurista e inspirado na arquitectura japonesa, apelidada de "Nave Espacial".
Estará localizado na ilha de Krestovsky, junto ao golfo da Finlândia, onde existiu o Estádio Kirov, um dos maiores equipamentos multidesportivos do mundo, erguido em 1950 em forma de arena, a céu aberto, com lotação para 100 000 espectadores, demolido em 2007.
Quanto à "Nave Espacial" japonesa a aterrar em solo russo terá uma lotação para cerca de 62 000 espectadores, tornando-se o segundo maior estádio do evento. Tal como acontece com todos os novos estádios, é um complexo multiusos, que para além do campo de futebol e espaços de apoio à prática desportiva (como salas para jogadores, treinadores, árbitros e imprensa desportiva) será dotado de áreas comerciais , de restauração e lazer, para o público em geral.
Com uma altura de 56,6 metros, distribuídos por 7 pisos, o estádio caracteriza-se pela sua estrutura leve e pela cobertura amovível suspensa , alusões à cultura japonesa.
Estruturalmente, o estádio apoia-se em vigas e pilares de aço, revestidos a betão contra-incêndios, e cabos e tirantes de aço, totalmente em aço, evocando os telhados tradicionais da arquitectura japonesa.
A cobertura do estádio será disposta longitudinalmente no sentido do campo, recorrendo a um sistema amovível que pode fechá-la ou abri-la em duas, num movimento que evoca o leque japonês. Funcionalmente, esta solução permite a iluminação natural sempre que as condições climatéricas assim o permitam. O uso racional de iluminação artificial e a maximização de iluminação natural são dos critérios que mais pesam na atribuição de cinco estrelas a qualquer estádio. É caso para dizer que se abre uma nova era espacial russa, mas desta vez terrena, sob a égide dos relvados e das estrelas de futebol.


Sem comentários:

Enviar um comentário