terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A influência pouco visível da Escola do Porto


A projecção da conceituada Escola de arquitectura do Porto na cidade é na opinião dos arquitectos portuenses pouco visível.
'Infelizmente, a Escola tem um impacto relativo, devia ter muito mais', reconheceu Nuno Brandão Costa, arquitecto e docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, na véspera do arranque do 'AICO -- Architecture International Congress at Oporto'.
A marca mais evidente da Escola, para Brandão Costa, são os 'muitos arquitectos que vão construindo a cidade e que tem uma relação com ela', a menos é o impacto a nível simbólico, assente no 'enorme lastro cultural histórico' que a formação arquitectónica do Porto adquiriu ao longo dos anos.
Com a relação entre a Escola do Porto -- um conceito que não consegue definir, porque a 'Escola é exactamente essa indefinição' -- e a cidade a construir-se de forma menos visível e óbvia, o arquitecto portuense admitiu que seria 'interessante' potenciar a energia da arquitectura do Porto.
'Para que a escola arquitectónica tivesse um maior impacto na cidade seria necessária uma relação mais estreita com a própria autarquia', indicou um dos oradores convidados do 'AICO', para quem seria baseada no debate de ideias e na partilha cultural.
Já Rodrigo Costa Lima, um dos associados do gabinete Brandão&Costa Lima, considerou que a importância da arquitectura portuense não é tão notória na cidade.
'A Escola do Porto tem um grande protagonismo que se deve ao Siza. O Siza soube perceber o que era a cidade e nós vivemos à sombra do que o Siza conquistou', disse à Lusa.
O peso da Escola do Porto é, para o jovem arquitecto portuense, irrelevante na projecção nacional, embora a sua assinatura seja particularmente visível: 'A forma de fazer é especial. A forma de integrar a cidade é diferente, há uma abordagem menos radical'.  
A influência da 'genialidade' de Álvaro Siza Vieira e do 'pragmatismo' de Eduardo Souto Moura nota-se nos arquitectos portuenses, embora a esteja diluída pela nova realidade da arquitectura, que passa, de acordo com Rodrigo Costa Lima, pela construção do próprio curso, independente do plano de estudos de uma única escola.
'Somos nós que construímos o nosso próprio curso. Um ano no Porto, outro em Lisboa, dois em Zurique', acrescentou, salientando que cada vez mais as escolas têm menos carisma.
A diferença da formação arquitectónica no Porto é uma realidade: 'Por um lado, é óptimo ter poucos meios, porque isso nos obriga a pensar, a ser criativos, por outro, não nos permite trabalhar nas condições ideais'.
Para o arquitecto que estará presente no 'AICO', que decorre no Centro de Congressos da Alfândega do Porto entre 30 de Agosto e 04 de Setembro, a Escola do Porto precisa de se actualizar.

por Lusa

1 comentário:

  1. A escola do porto precisa de romper com o regime interno autoritário, só depois de se modernizar.

    ResponderEliminar