quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Equipa de portugueses venceu um concurso internacional para um protótipo de habitação de baixo custo e consumo energético


Gana EmergenteEquipa de portugueses venceu um concurso internacional para um protótipo de habitação de baixo custo e consumo energético para a classe média do Gana. O modelo proposto pode ser aplicado na cidade ou no campo, isolado ou multiplicado em contexto urbano

Os portugueses blaanc emerging architecture , juntamente com o arquitecto João Caeiro, foram os vencedores do concurso internacional para um protótipo de habitação de baixo custo e consumo energético para a classe média do Gana. O concurso, promovido por uma organização não governamental, foi disputado por mais de 3100 participantes de 45 países e teve como objectivo a criação de um protótipo habitacional versátil, que possa ser aplicado na cidade ou no campo, isolado ou multiplicado em contexto urbano, num dos países mais pobres do mundo.
A proposta do colectivo português assenta em ideias fortes e eficazes : embora sendo um modelo de baixo custo, o assenta na ideia de ser mais económico um maior investimento inicial - ao nível de um desenho arquitectónico mais complexo, da incorporação de sistemas de racionalização de energia e recursos naturais - mas com menor manutenção e consumo energético.
A base é um sistema construtivo modular, a partir de um núcleo base que comporta os espaços sociais - salas, cozinha, pátio e espaços exteriores de convívio e de pequena produção agrícola, indispensáveis neste tipo de cultura Africana.
A partir daqui, são adicionados quartos, de acordo com as necessidades da família, desenvolvendo-se a tipologia num ou dois pisos, ao gosto e necessidade dos seus ocupantes. O colectivo previu a evolução da tipologia até uma família de 9 elementos e três gerações, incluindo os mais idosos, estando preparada para utentes de mobilidade reduzida.
Do ponto de vista construtivo, a tipologia socorre-se de materiais e sistemas construtivos locais : o pavimento e o tecto são à base de uma madeira da região, a bahoma, e uma malha de bambú. Esta matéria prima natural cresce espontaneamente no país, é virtualmente infinita, gratuita e possui propriedades estruturais excepcionais, ao nível da resistência, durabilidade e elasticidade. Quanto às paredes, são à base de taipa, que consiste em terra comprimida a partir de taipais, podendo ser realizadas através da auto-construção.
A estratégia de sustentabilidade foi outra das apostas : a habitação utiliza ventilação natural, transversal, sendo o pátio central o elemento que permite que todos os compartimentos tenham ventilação cruzada, i.e., atravessamento de ar em paredes opostas. A água da chuva é recolhida para uma cisterna, enquanto que o lixo é tratado e, sempre que possível, reciclado a partir de um sistema de compostagem. O colectivo explica o benefício da implementação destes sistemas, que representam um agravamento financeiro inicial no projecto, mas com grandes vantagens a médio e longo prazo no futuro: " Instalar um grande colector de água da chuva, embora custe significativamente mais, permite um ambiente mais auto-suficiente, e uma menor dependência dos serviços exteriores, incluindo os municipais."
Baptizado de "Emerging Ghana" (Gana Emergente), o protótipo promove "proximidade, segurança, alegria e status", concluem os arquitectos vencedores.

por Cláudia Melo In "Diário de Notícias"

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