terça-feira, 7 de dezembro de 2010

WSJ-177, O Relógio Solar

Eduardo Souto Moura, a par de Siza Viera e Peter Markl, integra a equipa de arquitectos que estão a projectar o Campus da Novartis, a famosa empresa farmacêutica sediada na Suíça. Ao arquitecto portuense coube projectar o edifício de laboratórios e escritórios WSJ-177, que pretende ser experimental ao nível tecnológico, humano e estético, conforme descreve Souto Moura.
Localizado na periferia de Basileia, o WSJ-177 situa-se numa importante praça do Campus , que por sua vez integra um plano urbanístico rígido, mas que pretende ser agradável para os seus ocupantes, flexível para poste- riores alterações no futuro e, principalmente, reflectir os valores que a Novartis pretende transmite ao mundo: inovação e performance.
E Souto Moura responde exemplarmente a estas premissas: cria um edifício transparente, simples e flexível, um paralelepípedo de sete pisos de altura, com estrutura de aço, fachadas envidra- çadas coloridas e organização funcio- nal em dois grandes núcleos unidos através de um sistema de comunicação vertical central.
"A ideia é concentrar todas as infra-estruturas e acessos verticais nos núcleos centrais, a fim de alcançar o máximo de flexibilidade na ocupação de cada um dos pisos", explica Souto Moura. Para além da evidente optimiza- ção funcional, esta solução per- mitiu ainda reduzir os custos de construção e manutenção des- te edifício.
A novidade desta organização em open space, ou planta livre, é a sua mul- tifuncionalidade, combinando áreas de laboratório de diferentes catego- rias com zonas pa- ra escritório e salas de reuniões, separadas por pa- redes de vidro. Isto permite a to- tal visibilidade entre os ocupantes e tem a vantagem de "criar um complexo que aproxima a relação entre as diferentes áreas de trabalho, numa perspectiva de partilha de conhecimentos e alcançar novos resultados", escreve Souto Moura.
O acesso ao edifício é feito a partir da referida praça central do Campus, que transita para um grande átrio que, com os seus 7,8 metros de altura, acomoda uma instalação de arte de três colunas de tijolos, do artista português Pedro Cabrita Reis, que " funcionam como contraste com a atmosfera asséptica dos laboratórios".
Toda esta funcionalidade é conseguida graças à utilização de um módulo de 3,625 x 3,800 metros, que também é utilizado na composição do sombreamento das fachadas, sistema exaustivamente pensado pelo arquitecto portuense a fim de alcançar as condições necessárias de luz ambiente nas áreas de laboratório e escritório, mas também criar a grande identidade estética do WSJ-177: uma caixa de vidro modular em constante transformação.
O sistema consiste em dois planos de fachada, em que o interior é um vidro moldado transparente (responsável pelo corte térmico) e o exterior é composto por painéis de vidro translúcidos, cinza e verde claro, que contrastam com a "pele" interior mais escura. Este podem mover-se para cima e para baixo, através de um mecanismo eléctrico, a fim de ajustar a luz solar em cada compartimento.
Qual relógio solar, a precisão e criatividade de Souto Moura chegam assim à Suíça, para marcar o tempo e o espaço.

in "diário de noticias"

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